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domingo, 7 de novembro de 2010

"De tanto ver vencer os..." (Rui Barbosa)

Resolvi ser traficante!
Será possível ver-me sentado
Pelas praças, portas de escolas,
Parques, circulando pelos bares.

Vou andar com uma bolsa,
Na frente de qualquer um...
Passar de mão em mão,
Sem a menor cerimônia.

Assim, rapidamente, na base
do toma lá, da cá. E sair...
Distribuindo para todo mundo.

Em pacotes grandes para grandes
Consumidores, ou em pequenos
Versos, poemas para iniciantes.


SONYA MELLO disse...
Olá, Braga, ao ler este poema, me dei conta de que, das misérias humanas também se faz poesia. No princípio eu lia "ao pé da letra" e só então vi que a poesia pode substituir o alimento dos derrotados... Ah, se todos pudéssemos "distribuir poesia", "traficar poesia", versos e poemas, por todas as "quebradas" e submundos... Acho que isso é possível... um novo amanhecer... um futuro sonhado é um presente realizado!
Abraço


Wilson R. disse...
Forma e conteúdo se entrelaçam, mais uma vez.
Aqui, o conteúdo instiga o leitor a trilhar um caminho que não é o real – o tráfico de armas ou drogas – quando, na verdade, a ideia é traficar poesias.
Quanto à forma, vejo a modernidade dos versos brancos e livres em estrofes dispostas como no soneto clássico, que insinuam a atemporalidade do problema/solução. O tráfico e a busca por sua solução não é novidade (soneto) mas é atual (versos modernos).
O último terceto traz a “chave de ouro”, imprescindível num soneto clássico – é a própria alma, o próprio sentido do poema.
Muito bom.

2 comentários:

  1. Olá, Braga, ao ler este poema, me dei conta de que, das misérias humanas também se faz poesia. No princípio eu lia "ao pé da letra" e só então vi que a poesia pode substituir o alimento dos derrotados... Ah, se todos pudéssemos "distribuir poesia", "traficar poesia", versos e poemas, por todas as "quebradas" e submundos... Acho que isso é possível... um novo amanhecer... um futuro sonhado é um presente realizado!
    Abraço

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  2. .

    Forma e conteúdo se entrelaçam, mais uma vez.
    Aqui, o conteúdo instiga o leitor a trilhar um caminho que não é o real – o tráfico de armas ou drogas – quando, na verdade, a ideia é traficar poesias.
    Quanto à forma, vejo a modernidade dos versos brancos e livres em estrofes dispostas como no soneto clássico, que insinuam a atemporalidade do problema/solução. O tráfico e a busca por sua solução não é novidade (soneto) mas é atual (versos modernos).
    O último terceto traz a “chave de ouro”, imprescindível num soneto clássico – é a própria alma, o próprio sentido do poema.
    Muito bom.

    Abraços.

    .

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