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quinta-feira, 10 de junho de 2010

MULHER DE VERBOS

Olhou, sorriu, piscou, abraçou,
Beijou, despiu, mordeu, amou, dormiu...

Olha, sorri, pisca, abraça,
Beija, despe, morde, ama, dorme...

Olhará, sorrirá, piscará, abraçará?
Beijará, despirá, morderá, amará, dormirá?

Virá?
Partirá?
Ficará?

Com certeza, não passará!

QUEM FALOU QUE O CÉU É AZUL?


MULHER DE SUBSTANTIVOS

Cabelos, olhos,
Boca,
Braços, mãos
Seios,
Cintura, quadril,
Sexo
Coxas, pernas e pés...

Por do Sol por Sueli


MULHER DE ADJETIVOS

Sutil
Esplendorosa,
Linda,
Iluminada,
Ativa,
Perfumada,
Sedosa,
Carinhosa,
Macia,
Torneada,
Faceira,
Esplendida,
Nua,
Doce,
Farta,
Meiga,
Quente,
Ardente,
Inteligente.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

CAIXA DE PASTEL


ALPENDRE II

A banda toca uma antimúsica.
A multidão não aplaude,
Não dança, faz silêncio.
Mais do que o som
É o murmúrio que se faz ouvir.

Carregado à doze mãos
Vem um homem,
Vem um marco,
Vem um sígno de sua época.

Ultrapassa a mureta do alpendre,
Ganha a rua,
Ganha a aternidade,
Ganha a onipresença na saudade.

A casa nunca mais será a mesma...
O maestro deixa seu instrumento
Abandonado sem o seu sopro de vida...

De vez em quendo, na tarde silente,
A mesma banda toca invisível e coloca
Sorriso inexplicável em nosso rosto.

domingo, 6 de junho de 2010

POSTAGEM NÚMERO 200


ENQUANTO CHOVE

A chuva bordou nos vidros da janela
Carreiras e mais carreiras de pontos,
Cristais sobre cristais, de uma nova cidade
Fundada ali mesmo, no limite da sala.

Do lado de fora relâmpagos, trovões
Que mais faziam brilhar os seus pingos.
No sofá, seus chinelos e xícaras de chá,
Talvez não apontem meus sonhos.

Apenas o seu olhar, nos clarões
Que a chuva provoca, muda o tom
Faz o convite para o amor
Fundado ali mesmo, no limite da sala.

Cristais sobre cristais,
de uma nova cidade.
Carreiras e mais carreiras de beijos,
Escondidos da chuva,
Que sonda pelos vidros da janela,
E borda um poema de signos
Sobre tudo que vê enquanto chove.

O MUNDO COM AS PERNAS...


ALHOS E BUGALHOS

Ir à busca de conhecimento,
Ter competência educativa:
Saber separar alhos de bugalhos.

-- Réstia de alhos quem não conhece?
-- Aquele colar da especiaria,
Corda de hastes entrelaçadas.

Bem diferente das bolotas de tubérculos
Que se formam nas galhas dos carvalhos,
Os tais bugalhos, não servem para temperos.

Se para fazer poema é preciso rima,
Olhe para cima, busque a essência,
O conhecimento, a competência.

Para separar os bugalhos

de cada cabeça de alhos:

Pense nos tubérculos dos carvalhos.
Eles não são as insubstituíveis especiarias
Das nossas cozinhas, com as negras Marias.

PERFIL


SÃO JOSÉ DOS TALENTOS

Há muitos anos,
Em um congresso de Educação,
São José dos Campos foi apresentado como:
São José dos Campos-santo;
São José dos Mortos;
São José dos Ermos;
São José dos Desertos...

Pelo seu alto potencial técnico,
Pelo seu alto potencial bélico,
São José que mata,
Não São José da Vida:
São José da desvalorização humana,
Pela falta de uma Educação humanística,
humanizadora.


Mas, Paulo Freire ensinou:
- “Aos que constroem juntos
o mundo humano
competem assumir a responsabilidade
de dar-lhe direção”.

Como a História não é determinista
E é feita por homens e mulheres,
Aqui estamos nós,
Homens e mulheres, que sabemos:
O aqui não é só espaço físico,
É também um espaço histórico.


Neste momento desejo apresentar-lhes
Uma nova São José dos Campos:

Uma São José dos Jardins,
Uma São José do Paraíso,
Uma São José do Éden,
Uma São José dos Campos Elíseos,
Uma São José das Crianças,
Uma São José dos Jovens,
Uma São José dos Adultos,
Uma São José dos Idosos,
Uma São José das Mulheres,
Uma São José dos Homens,
Uma São José das Pessoas...
Uma São José dos Talentos!


Onde todos e cada um possa ser feliz,
Onde todos e cada um tenha oportunidade.
Não apenas uma cota de vaga,
Não apenas um meio ambiente,
Mas o ambiente todo:
A possibilidade toda de se realizar.

Que a inclusão não seja uma imposição legal,
Que a inclusão seja um direito
-- não por princípio --
Mas uma ação de crença no ser humano.
Onde cada um com as suas diferenças possa
Aprender a aprender,
Aprender a ser,
Aprender a conhecer,
Aprender a conviver,
Aprender a sonhar
E com tudo isso transcender-se.


E, citando mais uma vez Paulo Freire:
-“Esperamos que permaneça
Nossa confiança no povo,
Nossa fé nos homens e
Na criação de um mundo
Onde seja menos difícil amar”.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Voar


PARA QUE A MANHÃ...

Às vezes um bondão traz o meu dia,
Com uns dez empregados,
Antes dos primeiros raios solares.
Um só bondão não produz a manhã.
Para o primeiro turnomuitos bondões
Que se cruzam com muitos outros
Levam operários e pretendentes
Manufaturando minha manhã.

às vezes, bucolicamente, meu dia
Vem com os cantos dos pásssaros
E o apito do trem, que pelo banhado
Carrega vagões e vagões de minérios.
Um apito só não produz o dia.
Muitos cantos dos pássaros e o apito
Trazem os primeiros raios de sol
Completando a minha manhã.

Às vezes, melancolicamente, meu dia
Vem com a partida do carro do vizinho,
Ou antes, com sua descarga, que pelo prédio
Carrega seus excessos, antes do dia clarear.
Só a partida do carro não leva a noite.
São necessários: partida mais bondões,
que se cruzam, com muitos outros,
Levando operários - não demitidos -
Para a montagem da minha manhã.

Ultimamente, os gritos da professora
Na acdemia instalada ao lado,
Antes dos primeiros raios solares,
Querem colocar em forma minha manhã:
Vai! Sobe! Desce! Pernas! Braços!
De um lado! De outro! Mais rápido!
Nesta minha manhã tenho vontade de
Apanhar esse grito e lançar para longe!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Nua de botas


RETORNO

Tu
és pó
e à
poésis

retornarás!

Nua

NO CINE VITÓRIA CONHECI MAZZAROPI AO VIVO

O Mazzaropi
Ficava na porta do Cine Vitória,
recolhendo os ingressos,
antes do filme começar.
Quando
as cortinas se fechavam,
ele aparecia na tela,
fazendo rir e chorar
todo aquele povo
que lotava três sessões.
Depois,
ele conferia a bilheteria
e pegava a curva da estrada...

Cadê Você?


CADÊ VOCÊ?

A fila andando...
A fila andando...
e você com a mesma fala,
com a mesma cara.

A fila andando...
A fila andando...
e você parada,
cada vez mais distante.

Já não adianta estender-lha a mão...
Já não adianta dar-lhe razão...
Já não adianta pedir-lhe perdão...
Já não adianta nada!

A fila andando...
A fila andando...
Cadê você?
...
Cadê você?