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terça-feira, 13 de julho de 2010

Calango do Vento

Me pediram
Para cantar o vento,
Tratei logo
De me agasalhar.
Peguei gorro,
Luva e casaco,
Fui para a praça
Declamar.

O nosso vento
Vem de longe,
Bem prá lá
Do além mar.
Não vem de avião,
Nem de navio,
Vem do balanço
Das ondas a tremular.

Às vezes vem
Da Europa,
Ou da África quente
Atravessa o mar.
Quando é gelado,
Pode ter certeza,
O nosso vento vem
Da camada polar.

O nosso vento
Vem de longe,
Bem prá lá
Do além mar.
Sobe Serra,
Atravessa Vale
E da Mantiqueira
Começa a se espalhar.


Me pediram
Para cantar o vento,
Tratei logo
De me agasalhar.
Peguei gorro,
Luva e casaco,
Fui para a praça
Declamar.

Aqui venta
O ano inteiro,
Como brisa,
Vento, ou ventania.
Venta cedo,
À tarde venta,
Venta à noite e de
Madrugada até chia.

Dizem que
Antigamente
Uivava
Com histórias
De assombração.
Puxava correntes
Dos escravos com
Suas dores e solidão

Aqui tem o vento
De Três dias
E não adianta
Espernear:
Sexta, sábado e domingo,
Ele está em todo lugar.
Segunda-feira, tudo parado,
Nem uma folha a balançar..


Me pediram
Para cantar o vento,
Tratei logo
De me agasalhar.
Peguei gorro,
Luva e casaco,
Fui para a praça
Declamar.

O nosso vento
Vem de longe
Bem prá lá
Do além mar.
Dá até para
Olhar no mapa
O trajeto invisível
Do seu caminhar.

Não sei
Se é importante
Vir de longe
Ou ser nativo desse lugar,
Sei que o vento
todo dia,
cumpre o ritual
de Paraíso visitar.

Nosso vento merece
Mais cuidado
E até gente
para estudar.
Não basta ser
“Terra do Vento”
Sem ninguém
Se interessar.

Vento é energia,
É prazer, é alegria.
E só vejo gente
Reclamar.
Nunca vi uma torre,
Nem uma hélice,
Uma biruta colorida,
Ou uma pipa no ar.

Me pediram
Para cantar o vento,
Tratei logo
De me agasalhar.
Peguei gorro,
Luva e casaco,
Fui para a praça
Declamar.

Nosso vento
é muito bom,
Estão aí os urubus
Para provar.
No Machadão,
Tranquilamente sopra,
De baixo para cima,
Para quem gosta de voar.

Até o Turismo daqui
Poderia com o vento lucrar:
Gorro, luva, blusa,
Barco a vela nos rios,
Torneio de pipas,
Artesanatos, moinhos,
Torres enfileiradas
Criando energia limpa
Para o mundo movimentar.

O vento só não pode
Ficar neste lenga-lenga
De levantar saia
E poeira nos olhos jogar.
Cadê os moinhos, os leques,
Os cataventos, as pipas, as torres,
As hélices, as asas deltas,
O folclore e a cultura a se movimentar.

Me pediram
Para cantar o vento,
Tratei logo
De me agasalhar.
Peguei gorro,
Luva e casaco,
Fui para a praça
Declamar.

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