Mataram minha vizinha!
Talvez um grito, mais de pavor
do que de dor,
um tombo sobre a mesa...
E o dia continuou quieto
e brando como um sábado qualquer.
Mas o silêncio excede, perturba.
Vem a noite e com ela o susto:
- Mataram a mamãe!
E a notícia se espalha
juntamente com a dor tamanha.
Ninguém mais dorme na rua.
Os olhos se abrem arregalados.
Portas e janelas se fecham a cadeados.
Ninguém mais tem sossego.
- Há muita maldade neste mundo!
Agora, a casa fechada
conta a história de uma mulher
cuidadosa, caridosa, sistemática
que foi barbaramente assassinada
a golpes de chave de fenda.
Dizem que foi a droga,
que levaram trinta reais.
O rapaz da rua de baixo
levou muito mais com seu ato:
Levou a paz e a alegria de todos!
.
ResponderExcluirEstamos mesmo num mato sem cachorro. Meus pesares, confrade.
Abraços.
.
E nós chegamos na segunda-feira à tarde e presenciamos toda esta tristeza que o grande poeta, com suas belas palavras, nos alerta.
ResponderExcluirUm grande abraço Braga!!
Lembremo-nos de Vinícius de Moraes:
Poética I
De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo.
A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte.
Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem
Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
– Meu tempo é quando.