Abri a caixa redonda,
Com todo cuidado desembalei
Meu feltro, com fita de cetim,
Veio à tona o guardado Gardel.
No mesmo laço estava o cravo,
Perfeito e vivo como novo.
Na caixa pequena, enrolada,
A gravata encarnada à espera do nó.
Sapato, com brilho verniz.
Terno risco de giz.
Até os suspensórios
estavam lá.
Camisas escuras, douradas abotoaduras.
Até o vidro de perfume,
Saltou-me à mão.
Foi esta a sensação.
Uma luz cortava o ambiente.
O foco estava em você
Rosa vermelha na mão.
Cabelo com brilho especial.
O vestido em cada movimento,
Mostrava e escondia seu corpo.
Cadavez mais perto,
Cada vez mais corpo.
Longas luvas, braços à mostra,
Com os seios, no decote exuberante,
As curvas de seu corpo moviam ritmadas,
Na sensualidade das pernas alongadas.
Tudo pronto, a música vinha de dentro.
Rosto colado, corpo colado, braço colado.
Nossas sombras dançavam
Como chama de noite cigana...
Nenhum comentário:
Postar um comentário